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sexta-feira, 14 de março de 2008

Dia Nacional da Poesia

Olá, amigos
Não poderia deixar passar em branco o Dia Nacional da Poesia, né. Abaixo alguns textos em poesia para pensar, se emocionar ou só para ler mesmo, rsss. Abraços

A rosa de Hiroxima - Vinícios de Moraes

Pensem nas crianças mudas telepáticas
Pensem nas meninas cegas inexatas
Pensem nas mulheres rotas alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima a rosa hereditária
A rosa radioativa estúpida e inválida
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume sem rosa sem nada.

É Inda Quente - Fernando Pessoa

É inda quente o fim do dia... Meu coração tem tédio e nada...
Da vida sobe maresia... Uma luz azulada e fria
Pára nas pedras da calçada... Uma luz azulada e vaga
Um resto anônimo do dia... Meu coração não se embriaga
Vejo como quem vê e divaga... E uma luz azulada e fria.


A Uma Passante - Charles-Pierre Baudelaire

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daquí! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!


Canção de Amor da Jovem Louca - Silvia Plath

Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascerb
(Acho que te criei no interior da minha mente)

Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.

Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)

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