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domingo, 18 de dezembro de 2011

A Pele que Habito

Acabei de receber um comentário no twitter, de uma pessoa que gostou do blog, e lamentou eu ter abandonado. Minhas atividades foram tantas em 2011 que realmente deixei de lado e disse a mim mesma que nunca mais escreveria. Neste ano, além dessa mensagem de hoje, recebi outras de pessoas que entravam às vezes para ler meu intimista diário, e até comentá-lo, mas que iam parar de acompanhá-lo porque não havia mais tantas atualizações.
Motivada por este comentário de hoje, decidi voltar a postar. Pra mim, para os amigos e para os ilustres desconhecidos que vez ou outra decidem perder uns minutos do seu dia para ler as impressões bem particulares de uma jornalista que ama ler e vê no mínimo um filme por dia, tamanha minha paixão por essas duas formas de arte.
Há uns meses recebi um convite de uma amiga pra escrever sobre cinema em seu blog aqui de Ribeirão Preto. Aceitei o desafio, e publico uma coluna esporádica em que conto minhas impressões sobre obras da sétima arte.
Retorno ao meu fantástico mundo com o filme A Pele que Habito, que foi publicado há 15 dias no blog Varal Diverso

A Pele que Habito (2011, Pedro Almodóvar)


Como começar a falar de um filme do meu diretor favorito? Bom, acho que já comecei. Na última semana fui ver o filme mais aguardado no ano, por se tratar, como já citei, de um diretor que acompanho há anos, e que nunca me desaponta. Claro que gostamos sempre de um filme mais que o outro, por diversos motivos, mas ele consegue ser certeiro no roteiro, na produção e direção em qualquer projeto. Acho que minha descendência espanhola me deixa mais próxima dos dramas e conflitos que ele relata.

Depois desta introdução, vamos direto ao ponto. A Pele Que Habito (La Piel que Habito, 2011) é um misto de drama e suspense que conta a história de forma não linear, e mesmo assim não perde o ritmo. Para quem gosta de cinema, é lição de casa.
Neste filme, nem tudo o que parece é, a princípio. Sabemos que um famoso cirurgião plástico, interpretado por Antonio Banderas, após a perda de sua esposa em um acidente em que ela fica com a pele carbonizada, dedica sua vida a criar uma pele que seja perfeita e resistente a dor e alta temperatura. Para isso, ele precisa se livrar dos escrúpulos e conseguir uma cobaia. Sabemos que ele tem uma filha que vive a base de medicamentos, e que por sofrer distúrbios mentais, acredita que seu pai a tenha estuprado em uma festa.  Sabemos também que ele mantém em casa uma paciente, a cobaia que recebe os testes da pele. Até então, não entendemos bem a relação com essa paciente, mas aos poucos a história nos chega e se desenrola. Não me estenderei em comentar mais sobre os personagens para não perder o suspense.
Em entrevistas, Almodóvar disse que pretendia fazer um filme de horror sem sustos, gritos ou caras feias. Não diria que é um filme de horror, mas certamente causa um certo incômodo, cutuca e instiga, além de impactar a plateia ávida por ser surpreendida. O suspense nos prepara para as cenas de ação em que a ameaça é concretizada, elevando a obra a filme de gênero, por mais que a marca do autor esteja em todas as cenas. Por mais que busquemos simbolismos e eles estejam ali, de acordo com a leitura de cada espectador, o filme não se prende a isso e consegue ir além e entregar uma história em quem objetos cortantes e que atiram cumpram seu papel sem ficar só na insinuação. O roteiro balança, mas não cai e a montagem te pega de surpresa em cada sequência.

Para entender melhor esse texto, vá ao cinema. Você merece ver um filme de tirar o fôlego como esse.

Boa sessão!

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