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quinta-feira, 29 de março de 2012

Drive - Nicolas Winding Refn (2011)

A história do filme é muito simples. Um homem que trabalha como mecânico e dirige carros como dublê em filmes, e ainda por cima nas horas vagas ajuda bandidos em fugas de assalto por ter habilidade excepcional em dirigir em alta velocidade, se envolve em um assalto que não dá certo para tentar ajudar o marido da vizinha e o filho do casal. O plano dá errado e o marido da vizinha morre na sua frente. Para proteger a mulher e a criança, o mocinho vai atrás dos bandidos em busca de vingança, até acabar com todos.
Está aí o resumo do filme. Agora não é porque você sabe toda a história que vai deixar de vê-la, pois eu costumo dizer que não importa qual é a história está sendo contada e sim como ela é contada. E em Drive, com a excelente direção de Nicolas Winding Refn, faz toda a diferença a maneira como ele conta a história.
O protagonista é um herói solitário, sem passado, misterioso, muito bem interpretado pelo ator canadense e camaleônico Ryan Gosling, que já me chamou a atenção desde Diários de uma Paixão. O ator mostra versatilidade em cada personagem e neste filme você não vê nada do rapaz tímido que namora uma boneca comprada pela internet de A Garota Ideal e nem o marido humilhado de Namorados para Sempre. Você vê apenas o motorista em um papel que vai ficar marcado em sua ascendente e promissora carreira.
Em Drive seu personagem é instigante e intrigante ao mesmo tempo, é simples e objetivo, chegando a ser até frio, de uma maneira didática. Mas aí se esconde o charme do personagem, não sabemos seu nome, de onde veio nem para onde vai, só sabemos que impulsionado por um sentimento ele age em nossa frente como se não houvesse amanhã, e acompanhamos ávidos por saber mais e torcemos muito por ele.
O filme é cheio de violência e paixão, tratados com muito estilo pelo diretor, pois o herói justiceiro quer a todo custo proteger Irene, sua vizinha (a sem gracinha da Carey Mulligan) e seu filho, e nem se importa com o dinheiro e muito menos em matar alguém dentro do elevador na sua frente, como acontece em uma das sequências mais violentas do filme.
A fotografia é quente, avermelhada e densa, e cria a tensão necessária para o desenrolar da trama. A câmera lenta é amplamente usada para a suspensão do tempo na antecipação da ação. Há que não aprecie este recurso mas neste filme foi fundamental para dar liga a trama.
A trilha sonora soa bem anos 70, assim como o carro do personagem e seu jaquetão branco, boa parte do narrativa ensanguetado. Por um momento pensei estar vendo um filme de Quentin Tarantino em slow motion. 
O papel do motorista seria inicialmente de Hugh Jackman, mas após ver Drive não consigo imaginar qualquer ator que não seja o Ryan Gosling para ele.
Um ótimo filme ainda em cartaz nos cinemas de Ribeirão Preto. Aproveitem e bom filme.

Essa coluna foi escrita originalmente para o www. varaldiverso.com

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