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quarta-feira, 22 de abril de 2009

A princesa negra da Disney


Os Estados Unidos precisou eleger um presidente negro para que algumas coisas começassem a mudar. Não vou citar algumas mudanças que estão em andamento, mas a que pretendo mostrar é o padrão estético, que passa lentamente a olhar o negro de forma diferente.
É de conhecimento geral que os Estados Unidos sempre foram declaradamente racistas, de uma forma até "apartheidica" ( nossa, acabei de inventar essa palavra, se lê apartáidica), forte, e para preservar sua origem branca impôs aos seus negros de seu país várias restrições. Aos poucos esta visão começou a mudar, e hoje, apesar do preconceito ainda latente, os negros melhoram de vida, já frenquentam os mesmos lugares e disputam as mesmas vagas que os brancos.
Até que o império da pós-modernidade elege seu primeiro presidente negro, a promessa de uma nova vida para uma nação em ruínas, em crise, destruída ainda mais pelo poder cego e enfadonho do ex-presidente Bush.
A partir daí, esteticamente falando, e não politicamente, as revistas começam a publicar reportagens sobre a nova família na Casa Branca. Michelle Obama (uma negra, quem diria!) passa a ser referência de moda, estilo e beleza pelas revistas norte-americanas, e em algumas revistas pelo mundo afora.
São pintados quadros com Obama e toda sua negritude, cresce o espaço que estes excluídos (?!) tinham, e que agora estão na moda.
Usei este imenso nariz de cera, como chamamos em jornalismo, só para dizer que a Disney se rendeu ao mercado e lança ainda este ano uma nova personagem princesa, a Tiana em um novo filme chamado "A princesa e o sapo". Detalhe que a princesa é negra. Isso mesmo.
Aquele padrão de loirinha de olho azul já está ultrapassado, o lance agora é ser black.
Demorou e muito para isso acontecer, pois o negro até pouco tempo não tinha nenhuma referência a sua raça e sua cultura, e se sentia excluído mesmo. Até eu que sou branca, me sinto completamente fora de contexto ao assistir Cinderela por exemplo, pois o padrão diz que a princesa é loira de olho azul e a bruxa é morena e baixinha. Meu Deus, sou uma bruxa.
Agora imagina o negro por todos esses anos vendo propagandas e filmes na TV com pessoas as quais eles não se identificam, não falam a mesma lingua. Um universo onde as mulheres são magérrimas, de cabelo liso e brancas. A não ser em propaganda social do governo, claro, sempre tem um negrinho para mostrar a integração social.
A princesa, apesar de negra, não trará nada da cultura afro, até onde sei, mas mostrará o universo dos negros classe média baixa, pois ela será um garçonete que sonhará em ter seu próprio restaurante. Ou seja, será apenas uma menina negra numa roupa de princesa nórdica, mas já é alguma coisa.

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